Em algum momento da vida, todo ser humano já se sentiu exausto, sobrecarregado, angustiado e sem energia, com múltiplas demandas do dia a dia. Estar atento aos sinais de alerta emitidos pelo corpo é fundamental, assim como preconiza o slogan da campanha de conscientização Janeiro Branco: “O mundo pede saúde mental!”
Ela é imprescindível para a nossa vida por abranger o bem-estar psicológico, emocional e social. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os determinantes da saúde mental e dos transtornos mentais “incluem não apenas atributos individuais, como a capacidade de administrar os pensamentos, as emoções, os comportamentos e as interações com os outros; mas também os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais, como as políticas nacionais, a proteção social, padrões de vida, as condições de trabalho e o apoio comunitário. Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais também são fatores que contribuem para os transtornos mentais. Condições socioeconômicas precárias, desemprego, baixa escolaridade, fraca rede de apoio, habitação insegura, trabalho informal, estressores ocupacionais e falta de acesso aos bens de consumo estão entre os principais riscos à saúde mental de adultos brasileiros”.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, no Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem com transtornos mentais. Os diagnósticos são diversos: depressão, transtorno de humor, déficit de atenção, ansiedade, entre outros, afetando todas as faixas etárias.
Segundo estimativa da OMS, quase um bilhão de pessoas no mundo vivem com algum transtorno mental. O contexto se agravou após a pandemia da COVID-19, assim como por conta da falta de informações e de estigmas referentes à saúde mental. Dessa forma, medidas preventivas são necessárias de modo a promover o bem-estar emocional.
Prevenção em Saúde Mental
Conforme preconizado pela OMS, saúde mental é parte integrante da saúde dos sujeitos. É algo maior do que a ausência de transtornos mentais. Assim, fala-se em saúde mental e não em doença mental.
A ausência de cuidado com a saúde mental é um dos principais fatores para o surgimento de transtornos mentais e outras comorbidades. Nesse sentido, julga-se necessário estar alerta aos seguintes sinais: falta de motivação para realizar as atividades, falta de expectativas, desmotivação para realizar tarefas até então consideradas prazerosas, isolamento social, alterações no rendimento no trabalho e nos estudos.
A literatura científica, ao investigar aspectos referentes à prevenção em saúde mental, coloca em destaque os estudos relativos à saúde coletiva. Conforme indica o artigo denominado “Pesquisa em Prevenção em Saúde Mental no Brasil: A Perspectiva de Especialistas”, a prevenção primária em saúde mental está alicerçada na elaboração de ações que visam evitar o surgimento de transtornos específicos por meio de um modelo integrativo entre promoção, prevenção e tratamento, que se complementam e podem se sobrepor.
A promoção pretende disponibilizar recursos que possam contribuir com o empoderamento das pessoas no enfrentamento das adversidades individuais e contextuais, ampliando o bem-estar. Em paralelo, a prevenção visa reduzir os riscos do surgimento de transtornos, ao passo que o tratamento tem em vista o oferecimento de assistência às pessoas que possuem diagnósticos de um transtorno mental.
Por essa ótica, as intervenções preventivas visam fortalecer os fatores de proteção e dirimir os fatores de riscos que interferem no equilíbrio mental, reduzindo as chances de desfechos desfavoráveis em saúde mental. Para isso, julga-se necessário a efetivação de medidas de prevenção nos mais diversos contextos institucionais, como família, escola, locais de trabalho, comunidade e organização. Assim, a efetivação de ações no âmbito coletivo pode repercutir significativamente na vivência dos indivíduos.
Alcançar uma condição favorável de saúde mental não é uma tarefa impossível. Ela está relacionada com a maneira como as pessoas reagem diante das adversidades da vida, assim como se apropriam dos seus desejos, suas ambições, ideia e emoções. Para isso, é fundamental reconhecer as ferramentas internas inerentes a cada sujeito perante os momentos de dificuldades.
Pessoas mentalmente saudáveis reconhecem suas vulnerabilidades, aprendem a identificar suas emoções diante dos acontecimentos do dia a dia (alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva, frustração etc.), não negligenciam os problemas quando eles aparecem, assim como possuem capacidade de lidar com os conflitos nas diferentes fases da vida e reconhecem o momento necessário para pedir ajudar quando algo não está bem.