Em primeiro de dezembro, celebra-se o Dia Mundial de Combate à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), doença causada pelo vírus HIV
A data foi instituída em 27 de outubro de 1988 pela Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde após pauta de reivindicação das 200 mil pessoas que participaram da 3ª Conferência Internacional de Aids, realizada em Washington, em 1987.
No Brasil, o primeiro de dezembro marca o início do “Dezembro Vermelho”, instituído pela Lei n° 13.504/2017, que estabeleceu “a campanha nacional de prevenção ao HIV/Aids e a outras infecções sexualmente transmissíveis”.
Estima-se que 37,6 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, conforme dados da UNAIDS (programa associado à Organização das Nações Unidas). Em 2020, 73% desse grupo tinham acesso ao tratamento adequado de saúde com antivirais, o equivalente a 27,4 milhões de pessoas. De acordo com o Ministério da Saúde, 936 mil brasileiros vivem com o HIV.
A literatura científica indica que pessoas HIV positivas possuem mais chances de desenvolver doenças e transtornos psicológicos, como: depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade, distúrbios do sono; assim como maior predisposição ao uso problemático de álcool e outras substâncias psicoativas. O desenvolvimento dos sintomas ocorre, muitas vezes, em razão do baixo suporte social, isolamento, da baixa autoestima e ainda por conta da própria atividade viral. O tratamento com antirretrovirais pode ocasionar prejuízos ao sistema nervoso central provocados por efeitos colaterais.
Quem vive com HIV é significativamente mais propenso a ter pensamentos suicidas. Neste grupo, a taxa de mortalidade por suicídio é cem vezes maior em comparação aos não portadores da doença.
Outro dado preocupante apresentado pelos estudos é que adolescentes e jovens LGBT+ correm um risco desproporcionalmente maior de suicídio. Julga-se importante ressaltar que tais populações são frequentemente afetadas por estigmas, discriminação e marginalização social, que, com a vulnerabilidade produzida pelo HIV e pelas demais violações de direitos, provocam severos danos à saúde mental.
A OMS e UNAIDS, em abril de 2022, publicaram diretrizes que fomentam ações de saúde mental para o atendimento a pessoas com HIV. Intitulado “Integration of mental health and HIV interventions”, o estudo destaca que as condições de saúde mental aumentam o risco de infecção pelo HIV. Ademais, indica que as pessoas que vivem com HIV têm um risco aumentado de problemas de saúde mental, associados a uma menor permanência nos cuidados de HIV, aumento no risco de exposição ao vírus e menor envolvimento com prevenção.
Além do tratamento com antirretroviral, é necessário buscar o acompanhamento psicológico, a fim de dirimir os efeitos da convivência com o vírus. Questões emocionais repercutem no tratamento dos pacientes, podendo ser tratadas com maior sensibilidade por meio do oferecimento de espaços de escuta, com a intenção de promover o bem-estar emocional.
Veja algumas atitudes que podem ser implementadas para auxiliar o tratamento do HIV e promover uma saúde mental equilibrada:
- Aceitar a situação: é preciso aceitar o diagnóstico da doença e desenvolver repertórios individuais para contornar possíveis emoções negativas. Do contrário, sentimentos e pensamentos ruins se prolongam, ocasionando um sofrimento maior;
- Pesquisar informações qualificadas sobre o HIV;
- Conversar com amigos e familiares: ter uma rede de apoio é fundamental;
- Praticar o autocuidado por meio de atividades que promovam o bem-estar físico e mental: atividades físicas, refeições balanceadas, ter um boa noite de sono, identificar um hobby interessante para reduzir o estresse;
- Incluir no seu dia a dia ações positivas para estimular a gratidão ou promover uma mentalidade positiva acerca do seu diagnóstico.
Procure ajuda e reivindique seus direitos!
Quem vive com o HIV tem o direito de receber a medicação gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ações de profilaxia (PREP e PEP), medidas de prevenção de urgência para pessoas em situação de risco à infecção pelo HIV, assim como atendimentos psicológicos nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAS).