Baixa visão: o que é e como fazer a inclusão dos estudantes

Instituições de Ensino

Entrevista exclusiva com Maria da Gloria de Souza Almeida, assessora da direção do Instituto Benjamin Constant

 

A equipe Mudes já produziu uma matéria sobre como as escolas podem realizar a inclusão de estudantes com baixa visão. Hoje, dando continuidade ao assunto, trouxemos uma entrevista com Maria da Gloria de Souza Almeida, assessora da direção do Instituto Benjamin Constant, Instituição de referência nacional na educação, capacitação e atendimento de pessoas cegas, com baixa visão, surdocegas ou com outras deficiências associadas à visão, que nos explicou como proceder nessa volta às aulas. 

 

“O conhecimento sobre o assunto é fundamental. Muitas vezes, classifica-se uma criança de preguiçosa ou incapaz pelo seu baixo rendimento. No entanto, na maioria das vezes, os alunos sofrem de alguma patologia ocular que atrapalha seu desempenho escolar e por tanto, sua qualidade de vida e aprendizagem. É preciso que a escola e os professores fiquem atentos e não rotulem esta criança.”

 

– O que é classificado como baixa visão? 

A baixa visão classifica-se de acordo com a severidade do déficit visual.  

   – Classificação: 

  • 20 por 60 a 20 por 160 – baixa visão moderada 

  • 20 por 200 a 20 por 400 – baixa visão grave 

  • 20 por 500 a 20 por 1000 – baixa visão profunda  

  • menos de 20 por 1000 – quase total 

 

– Sinalizadores táteis são indicados para baixa visão? 

Os sinalizadores táteis são concebidos para pessoas cegas os sinalizadores para pessoas com baixa visão precisam ter a fonte da letra adequada, a cor de fundo contrastando com a letra ou desenho efetuados. São sinalizadores visuais. Para quem tem uma baixa visão bastante de minuta, os sinalizadores táteis podem ajudar um pouco. 

 

– Quais mudanças a escola pode realizar para a adaptação do aluno com baixa visão? 

A baixa visão é muito complexa, já que patologia afeta um tipo de desempenho. A patologias que trazem fotofobia (rejeição a luz), outras necessitam de bastante luminosidade. A pessoa teria que passar por um exame médico rigoroso feiro por um especialista em baixa visão. Desta maneira, a escola tem de estar preparada para atender às necessidades de cada aluno. 

  • Ações básicas: salas claras, porém, sem a incidência direta de luz sobre a carteira da criança, a menos que esta necessite de uma luminária para ajudá-la; 

  • Na arrumação das carteiras deve-se observar se janelas e/ou portas estão abertas, trazendo a luz solar, pois podem incomodar e atrapalhar a criança; 

  • O quadro de giz, preferencialmente, deve ser branco, utilizando-se uma caneta própria; 

  • Os cadernos devem ter pauta larga com linhas bem escuras; 

  • O lápis ideal é o 6B; 

  • Os desenhos de qualquer natureza devem ser simples, com poucos detalhes e usando-se no máximo 3 cores, evitando o que chamamos de poluição visual; 

  • Um dos pontos mais importantes é o uso do contraste, seja na escrita ou na apresentação de qualquer elemento gráfico. Os contrastes ideais: fundo brando com letras pretas ou vice-versa e fundo amarelo com letras prestas ou vice-versa. O azul marinho com o branco também pode ser usado; 

  • Evitar o uso de cores que pertençam à mesma gama, propiciando dificuldade na identificação; 

  • Os avisos ou cartazes pregados nas paredes devem obedecer a uma altura mais ou menos de 1m25cm, não ficando nem alto nem baixo demais; 

  • O ideal é que paredes e portas tenham também cores contrastantes para facilitar a independência do aluno; 

  • É interessante colocar-se próximo ao início das escadas uma faixa indicativa para evitar acidentes. Esta faixa deve ser contrastante com a cor do chão. Tal estratégia também é usada para pessoas cegas, sendo a faixa texturizada; 

  • Ao final dos degraus pode-se colocar também faixas com cores contrastantes a fim de que a criança, em especial, entenda onde termina cada degrau; 

  • Existem muitos recursos ópticos: régua de aumento, lupas de mão, lupas eletrônicas e outros equipamentos mais sofisticados. Tudo vai depender do grau da visão da criança e das condições que sua patologia exige; e

  • Na atualidade, recomenda-se para certas pessoas com baixa visão o uso da bengala para que se evite acidentes. A cor da bengala para baixa visão é a verde.

           

    – Qual a distância indicada para esses alunos estarem da lousa? 

A distância para a carteira terá de ser determinada por um teste prescrito pelo médico e executado pelo professor. A distância vai ser determinado a partir desse teste. 

     

   E para o ensino online: 

– A instituição deve considerar o tempo o qual os alunos ficam expostos às telas? Quais os cuidados necessários para evitar piora no quadro do aluno? 

As Instituições de ensino, bem como a família, devem ver com muito cuidado isto que está se tornando um problema grave: a exposição exagerada às telas de computadores, tabletes e celulares. Em se tratando em crianças com baixa visão, é claro que o problema se agrava, deste modo o médico é quem deve orientar a escola como agir, como já foi dito cada patologia tem um conjunto de peculiaridade que devem ser respeitadas.  

 

–  Qual tempo limite indicado para as aulas online de crianças com baixa visão? 

As aula on-line são uma novidade, assim, ainda uma vez, os oftalmologistas devem entrar no circuito dessas considerações, para que problemas maiores não sejam criados.  

As primeiras indicações nesta listagem são próprias para os cegos, sendo uteis também para pessoas com baixa visão muito reduzida. 

  • Sistema Dosvox: (gratuito) 

  • Leitor de tela do Windows: NVDA (gratuito) 

  • Ampliadores de tela: 

  • lupa do Windows (faz parte do Windows e é pago) 

  • zoomtext (pago); e 

  • SuperNova (pago). 

Obs. a fonte da letra mais usadas por nós é verdana e o Arial. 

 

“Há uma grande necessidade de que políticas públicas efetivas sejam criadas, implementadas e avaliadas. Somente assim, teremos uma escola efetiva e inclusiva.” – Maria da Gloria de Souza Almeida 

 

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