O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento. Recebe o nome de espectro porque envolve características e comportamentos muito diferentes uns dos outros, em uma gradação que vai da mais leve à mais grave. Cada grau tem suas variações, que estão associadas às dificuldades de comunicação e relacionamento social.
O TEA não é uma doença, mas uma condição que não tem cura. O diagnóstico é clínico, não existem exames capazes de confirmar o autismo, o que há são testes neuropsicológicos. Quanto mais jovem o indivíduo for diagnosticado com TEA, mais cedo é possível intervir. Quanto mais cedo for a intervenção, maior o efeito potencial na trajetória de vida de uma pessoa com TEA. O tratamento serve para dar mais autonomia e melhor qualidade de vida.
Pessoas com TEA percebem o mundo de maneira diferente, pois têm o desenvolvimento neurológico diferenciado. Isso não significa que vivam em um mundo paralelo. Todos nós, independentemente de deficiência, temos um mundo próprio em nosso interior.
Visando ao diagnóstico precoce, é importante conhecer os sintomas comuns em bebês: mexer ou girar as mãos enquanto mama, não chorar ou chorar o tempo todo, não olhar a mãe enquanto mama, não querer sair do colo ou não querer ficar no colo.
Também é fundamental conhecer os mitos sobre o TEA: “não tem autismo, pois olha no olho”, “toda pessoa com autismo tem inteligência acima da média“. Além disso, existem sintomas de TEA que são comuns para a maioria das crianças, como ser muito agitado, atrasar a fala, não gostar de lugar cheio e não gostar de comer.
Dentre outros sintomas do autismo, temos o transtorno de aprendizado. Nesse sentido, o psicopedagogo é o profissional capacitado para auxiliar o desenvolvimento escolar. Ele está apto para atuar na prevenção do surgimento de dificuldades na aprendizagem escolar, detectá-las e ainda propor soluções, de acordo com a individualidade de cada educando, respeitando as características dos alunos com TEA e os outros profissionais que estão envolvidos no assessoramento desses alunos.
O estudo da psicopedagogia transita nos campos da Medicina, Biologia, Ciências Sociais, Neurociência, Pedagogia e Psicologia; áreas que buscam compreender as dificuldades no aprendizado dos alunos com TEA. Fatores cognitivos, sociais e emocionais podem comprometer o aprendizado escolar, cabendo ao psicopedagogo observar, identificar, mapear, avaliar e tratar esses fatores.
O tratamento passa pela escola, e a família deve estar alinhada a este processo. O autismo não afeta o desenvolvimento intelectual, por isso, estudantes com TEA podem aprender. É recomendável estabelecer uma rotina diária tanto na escola, que deve estar adaptada, quanto em casa.
A educação inclusiva é extremamente importante. As instituições de ensino, em conjunto com os professores, precisam estar atentas a todas as questões que podem afetar o aprendizado do aluno com TEA. A escola deve recebê-lo sem nenhum tipo de impedimento e criar estratégias pedagógicas para minimizar a dificuldade de aprendizagem e, consequente, o fracasso escolar.
Até a forma de avaliação deve ser repensada. Os docentes precisam ter a concepção de que não existe discente ideal e sim pessoas reais com suas questões diversas. O preparo e a especialização dos professores para trabalhar com alunos com TEA são extremamente necessários.
A legislação ampara os alunos com TEA. Nenhuma escola pode recusar um estudante por este motivo, pois a educação é um direito fundamental de todos, assegurado pela Constituição Federal. De acordo com o art. 205 da Carta Magna:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
O acesso igualitário à educação também está resguardado em outros diplomas legais do ordenamento jurídico pátrio, como: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Declaração de Salamanca, Lei Berenice Piana (instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA).
O sucesso na aprendizagem do aluno com TEA está diretamente relacionado com o acesso a uma equipe multidisciplinar para proporcionar desenvolvimento educacional, psicológico, social e humano. Embora tenhamos necessidades diferentes, somos todos iguais de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 1º) e a Constituição Federal de 1988 (art. 5º).