Levantamento sobre o futuro do trabalho para a juventude traz dados sobre digitalização da economia e flexibilização das relações trabalhistas.
Um estudo inédito sobre o futuro de jovens brasileiros no mercado de trabalho traz dados preocupantes sobre precarização, mas também aponta oportunidades que podem surgir com novas tendências, como a digitalização da economia.
O estudo Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras, feito com jovens de 14 a 29 anos, revelou que, aproximadamente, dois terços desse público recebem até um salário-mínimo ao alcançar o primeiro emprego. Atualmente, o salário-mínimo está em R$ 1.302. Em maio, esse valor deve ser corrigido para R$ 1.320.
O trabalho destaca também dados sobre as oportunidades para boa parte dessa população, que ainda enfrenta dificuldades para se capacitar no mercado de trabalho:
- A taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 é de 18% — isso é mais do que o dobro da média geral, que é de 8,1%, segundo dados do IBGE;
- Dentro deste recorte, as taxas impactam mais as mulheres, os negros e os menos escolarizados;
- 60% deste público vivem com até dois salários-mínimos;
- Os empregos que mais chegam aos jovens ainda são dentro de setores, como comércio e reparação; alojamento e alimentação; indústria de transformação, construção, entre outros.
Tendências
O estudo traz tendências para o futuro do trabalho, o que pode impactar mais ainda o desemprego, já que pode ocorrer uma substituição de postos de trabalho, mas também pode trazer benefícios, como a criação de novos empregos.
Uma das principais tendências é a chamada digitalização da economia, que leva a um movimento de substituição de postos de trabalho, mas, por outro lado, traz um aumento das oportunidades em áreas, como Tecnologia da Informação, Saúde e Educação.
Outra tendência é a flexibilização das relações de trabalho, que reduz a contratação pelo regime CLT e incentiva trabalhos informais, como motorista ou entregador por aplicativo, ou em microempreendimentos.
Falhas
O levantamento mostra as falhas que levam a uma taxa de desocupação tão grande entre os jovens e a baixa capacitação:
- Para 67,65% das organizações questionadas para o estudo, faltam cursos de qualificação profissional e de formação técnica;
- Os cursos de formação profissional não são atualizados e sintonizados com as vagas existentes no mundo do trabalho, avaliam 58,82% dessas empresas;
- 76,47% das organizações dizem que os jovens estão mal-informados sobre as carreiras do futuro e como o mundo do trabalho funciona;
- 82,35% afirmam que os empregadores não conseguem contratar jovens com as qualificações que necessitam.
Recomendações
Por fim, o estudo concluiu que o caminho é investir na chamada Educação Profissional e Tecnológica (EPT), modalidade educacional focada em cursos de qualificação, habilitação técnica e tecnológica, entre outros. O estudo se aprofunda nessas recomendações:
- Ampliação da oferta de vagas em cursos técnicos para além do ensino médio;
- Ampliação de vagas de estágio supervisionadas e de trainee para acompanhar a formação da juventude;
- Educação voltada para além do conhecimento tecnológico, como o desenvolvimento de habilidades socioemocionais;
- Criação de mecanismos de apoio às escolas e de incentivo à formação e valorização dos professores para a EPT.
Fonte: Terra