Existe um gesto romântico, em grande parte de todas as culturas do planeta, no qual o homem ajoelha-se à frente da mulher amada e, oferecendo-lhe um anel de compromisso, roga por sua companhia durante toda a vida: “Quer casar-se comigo?” Esse ato de quase submissão, repetido em livros, novelas e filmes, nem sempre tem consequências positivas duradouras e, muitas e muitas vezes, o meloso namorado inverte a posição, colocando a então amada em humilde genuflexão, transformando-a em sua servidora absoluta.
Mas outra forma absolutamente necessária, em um mundo ainda contaminado pelo vírus do machismo, é compreender o papel da mulher na sociedade humana, pelo menos dando-lhe a mão e o coração como a grande parceira no roteiro vital. Sua enorme relação na história de nossas vidas começa em sua contribuição biológica, quando se presta a oferecer o seu corpo para desenvolver os primeiros meses de vida de um novo ser humano, contribuindo, nesse período, para a nossa estruturação celular, tornando-nos únicos e aptos, após os nove meses regulamentares, para iniciar o caminho da construção de nossa personalidade e abri-lo para a jornada ideal em direção à convivência social.
A história dos seres humanos sobre a face terrestre não foi feita com exemplos dignificantes de respeito à mulher. Nos últimos tempos, a antropologia tem comprovado que, enquanto aos primeiros homens foi destinada a força física para caçar e coletar alimentos, à mulher foi reservado atenção emocional aos filhotes, ao cuidado nutricional e aos primeiros atos educativos. Talvez esse direcionamento afetivo tenha desenvolvido, no ente feminino, maior senso de criatividade, coibido pelo homem, que não a deixava entrar no terreno das ciências e das artes. Em certas culturas atuais, nem mesmo a educação é aberta ao erroneamente chamado sexo frágil, dentro de uma atitude social obscurantista que ainda mede a qualidade das pessoas por meio de um dinamômetro social, ao privilegiar a força bruta e não o intelecto.
Dedicada à promoção social da juventude, a Fundação Mudes preocupa-se com a situação social de gênero em nossa sociedade e, sem preconceitos ou preferências, reconhece certos desníveis ainda existentes nas políticas públicas e se dispõe a desenvolver projetos e programas especiais para mulheres, como é o caso do primeiro coworking feminino carioca que inauguraremos no final do presente mês dedicado à Mulher.
Nada mais fazemos além de nossas obrigações sociais, que nos incentivam a impulsionais ações diferenciadas em busca do reequilíbrio dessas políticas públicas, absolutamente integradas aos nossos deveres de construção de cidadãs e cidadãos.
Neste Dia Internacional da Mulher, convocamos a todos para homenageá-la, com um sincero gesto de genuflexão diante de suas qualidades, potencialidades e de imensurável força emocional, esta, sim, capaz de mover montanhas.