O uso da tecnologia tem aumentado de forma exponencial em todo o mundo. Conforme estudo publicado, em 2022, pela empresa McAfee — com o objetivo de verificar como pais e filhos se conectam e se protegem no ambiente on-line —, os jovens brasileiros estão em primeiro lugar no ranking da conectividade. A pesquisa entrevistou 15 mil responsáveis e mais de 12 mil jovens, em dez países.
O Brasil lidera o quesito mobilidade entre pré-adolescentes e adolescentes, sobretudo, por conta dos smartphones. Entre 10 e 14 anos, o consumo médio do país foi de 95%, tendo em vista que a média global permaneceu em 76%. Ao passo que, entre 15 e 16 anos, e 17 e 18 anos, a diferença das médias foi de 6%.
Em tese, a tecnologia pode ser positiva, pois auxilia o planejamento e a organização das atividades, além de diminuir o tempo das buscas por informações e permitir aprendizados mais assertivos. Todavia, o uso excessivo de dispositivos tecnológicos, como celulares, tablets, notebooks e videogames, pode trazer malefícios para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo, impactando prioritariamente os jovens.
Atualmente, a maioria das pessoas passa grande parte do tempo olhando para, ao menos, um dispositivo móvel. Sabe-se que a internet é intencionalmente projetada para prender a atenção dos usuários o máximo de tempo possível, e os jovens acabam sendo mais vulneráveis nesse sentido e suscetíveis a essas influências por terem menor capacidade crítica.
Há quem diga que as tecnologias são vilãs do desenvolvimento dos jovens e há quem apoie seu uso, defendendo seu papel, especialmente, no desenvolvimento intelectual. Ambos os pensamentos estão corretos: a tecnologia pode ser vilã ou aliada. Assim, pode proporcionar possibilidades boas e ruins, dependendo do uso, que deve ser consciente, responsável e direcionado por responsáveis e educadores, para que seja fonte de enriquecimento intelectual e distrações positivas, não de adoecimento físico e mental.
Em 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o vício em jogos eletrônicos — game disorder — como uma doença classificada no CID — 11 (Código Internacional de Doenças). Dessa forma, para que se tenha o diagnóstico, julga-se necessária a observação do padrão de comportamento disfuncional por, pelo menos, 12 meses ao repercutir significativamente em diferentes áreas da vida, como pessoal, familiar, social, educacional e profissional.
Outro perigo é a exposição ao cyberbullying. Ao demonstrar suas fragilidades na internet, o jovem está sujeito a pessoas mal-intencionadas e à “violência digital”, que podem levar ao adoecimento mental grave, à automutilação e até ao suicídio.
É importante conhecer os malefícios da tecnologia. Entre os jovens, é comum a preferência pelo mundo virtual ao real, fazendo com que eles percam experiências sociais relevantes e necessárias. Estar o tempo todo conectado pode afetar a saúde física e mental.
Na saúde física, os principais malefícios são obesidade, problemas posturais, lesões ortopédicas nos dedos e nos punhos, problemas de visão, dentre outros.
Na saúde mental, os principais malefícios são:
- Falta de convívio social — é fato que, com o advento da internet, muitos jovens preferem a companhia do seu smartphone em detrimento do convívio social;
- Ansiedade — a hiperconexão e o excesso de informações deixam os jovens cada vez mais ansiosos e com a necessidade pelo imediatismo;
- FOMO — é a sigla para fear of missing out, que significa “medo de ficar fora”. É o medo de não saber o que as outras pessoas estão fazendo, de que estejam vivendo experiências sem ela fazer parte. Por isso, a necessidade de verificar redes sociais e comunicadores instantâneos, a todo momento, além de estar sempre compartilhando as novidades da sua vida;
- Nomofobia — é o medo de ficar sem o celular. A palavra deriva da expressão inglesa “no mobile phone phobia”. A dependência dos smartphones pode causar alterações no cérebro, inclusive, sensação de abstinência;
- Redução da autoestima — quanto mais conectado, maior a chance de desenvolver insegurança em relação à própria aparência física, tendo em vista os padrões de beleza impostos pela sociedade (disponíveis na internet), difíceis de alcançar.
Por mais que a tecnologia tenha seus benefícios, é preciso ficar atento aos prejuízos que ela pode causar, principalmente nos mais jovens. Julga-se necessário e urgente encontrar caminhos para os jovens poderem usufruir dos benefícios da tecnologia e, simultaneamente, manter o equilíbrio entre a vida virtual e a real (a prioridade de suas vivências).