A campanha Março Vermelho visa conscientizar a população sobre o câncer de rim, também conhecido como hipernefroma ou adenocarcinoma renal (um tipo de carcinoma que pode passar despercebido por muito tempo e que apresenta complicações bastante específicas), e informar os cuidados que devemos ter com a saúde dos rins. A campanha visa ampliar o Dia Mundial do Rim, comemorado na segunda quinta-feira de março, promovido, há 17 anos, pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), devem surgir 704 mil novos casos da doença no Brasil entre 2023 e 2025. A campanha é uma oportunidade para compartilhar as informações sobre a doença com amigos, familiares e colegas, incentivando o autocuidado e a realização de check-ups regularmente, a fim de detectar precocemente diversos tipos de câncer. E o câncer, se descoberto em fase inicial, é mais fácil de ser curado, melhorando os prognósticos.
Os rins, órgãos do sistema urinário, são responsáveis pela formação da urina e controlam a concentração de substâncias em nosso sangue. São fundamentais para o funcionamento adequado do nosso corpo; por isso, é extremamente necessário tomar cuidados, como: beber água, reduzir o consumo de sal, ter uma alimentação saudável, não fumar, praticar atividades físicas, controlar o peso e a pressão arterial, além de realizar exames de rotina.
As funções mais importantes dos rins são: eliminação de toxinas do sangue por um sistema de filtração, regulação da formação do sangue e dos ossos, regulação da pressão sanguínea e controle do balanço químico e de líquidos do corpo. É importante ressaltar que diversos problemas renais sérios podem ser assintomáticos por algum tempo.
Dados de 2018 apontaram o câncer de rim como responsável por 2,2% dos novos casos de neoplasias, mais comum em indivíduos entre os 50 e 70 anos, sendo duas vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres. Este é o tumor urológico mais letal, com mortalidade de até 40%.
Existem vários subtipos de câncer de rim:
- Carcinoma de células renais claras (mais comum — cerca de 70% dos casos);
- Carcinoma papilar de células renais (segundo mais comum — cerca de 10% dos casos);
- Carcinoma cromófobo de células renais (cerca de 5% dos casos);
- Tipos raros de Carcinoma de Células Renais (CCR) — menos do que 1% dos casos: ducto coletor, cístico multilocular, carcinoma medular, carcinoma tubular mucinoso e de células fusiformes, e CCR associado ao neuroblastoma;
- CCRs não classificados (não se encaixam em nenhuma classificação ou há mais de um tipo de célula presente);
- Carcinoma de células transicionais, também conhecidos como carcinomas uroteliais (a cada 100 casos, em torno de 50% são carcinomas de células de transição);
- Tumor de Wilms (quase sempre ocorre em crianças, é muito raro em adultos);
- Sarcomas renais (raro, representam menos do que 1% de todos os casos, originam-se nos vasos sanguíneos ou no tecido conjuntivo renal).
Não é possível definir os causadores do câncer no rim, porém existem alguns fatores de risco: tabagismo, obesidade, idade avançada, hipertensão arterial, histórico familiar de câncer de rim, insuficiência renal, doença de Von Hippel-Lindau, diálise, exposição a derivados de gasolina, chumbo, entre outros.
Grande parte das pessoas com câncer no rim não apresenta sintomas. A maioria dos tumores renais é considerada incidentalomas (diagnosticados incidentalmente durante a realização de exames).
Os principais sintomas são:
- Suor noturno;
- Varicocele;
- Presença de sangue na urina;
- Dor lombar de um lado;
- Massa (caroço) na lateral ou na parte inferior das costas;
- Fadiga;
- Perda de apetite;
- Perda de peso;
- Febre;
- Anemia.
Estes sintomas podem ser causados pelo câncer de rim, mas também podem significar outras doenças. Caso esteja com estes sinais, procure um(a) médico(a) nefrologista para avaliação e diagnóstico — por meio de exames de imagem, que revelam o tumor, tamanho e a extensão.
O tratamento do câncer renal é individualizado, dependendo do tipo e estágio. Alguns são chamados de terapias locais, o que significa que tratam o tumor sem afetar o resto do corpo, como: terapias ablativas e nefrectomia — seja parcial (poupadora de néfrons), seja radical (retira todo o rim).
O tratamento também pode ser sistêmico, isto é, com remédios que podem ser administrados via oral ou na corrente sanguínea. Diferentes tipos de medicamentos podem ser usados, incluindo terapia-alvo, imunoterapia e quimioterapia.