Entre 2018 e 2022, o Estado registrou um aumento de 400% no número de habitantes sem ter o que comer
Os dados – extraídos do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede PENSSAN –, foram apresentados, quinta-feira (23/06), no Encontro Nacional Contra a Fome, organizado pela Ação da Cidadania, evidenciando que a desigualdade quanto à cor, ao gênero e à escolaridade são preponderantes quando o assunto é fome.
“A fome tem CEP, gênero e cor”, declarou o diretor executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo Kiko Afonso.
Os dados constatam que, dentre os homens chefes de família, 50% estão em situação de segurança alimentar; já com relação às mulheres responsáveis pelo sustento do lar, somente 36,33% vivem sem restrições alimentares.
Quando o recorte da pesquisa é a cor da pele, a análise aponta que 37,61% dos negros e pardos chefes de família sofrem com a insegurança alimentar grave. Já os 55,63% que se declaram brancos não enfrentam nenhuma restrição.
A escolaridade também é um aspecto significativo e de grande influência nos dados sobre a fome, demonstrando que 37,5% das pessoas com baixa escolaridade (não estudaram ou estudaram até 4 anos letivos) quase não têm o que comer; no entanto, 74% dos que estudaram mais de oito anos não sofrem com restrições alimentares.
O diretor da Ação da Cidadania ressaltou, ainda, que fome e baixa escolaridade estão intrinsecamente ligadas, visto que a criança que não tem o que comer em casa interrompe os estudos para trabalhar.
No quesito ocupacional, cerca de 70% das pessoas que estão desempregadas sofrem com insegurança alimentar moderada ou grave, ou seja, passam fome. O endividamento também é uma causa relevante da falta de comida em casa.
No mundo, cerca de 193 milhões de pessoas não têm o que comer
Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 2016 e 2021, o número de pessoas atingidas pela fome cresceu cerca de 80%, passando de 108 milhões para 193 milhões (cerca de 24% da população mundial). As causas podem ser atribuídas aos conflitos armados ao redor do mundo e aos impactos gerados pela pandemia da COVID-19.
Visando conter esta crise alimentar, representantes de organizações mundiais, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), se reuniram na Cidade do Rio de Janeiro para o painel “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Segurança Alimentar”.
No evento, os participantes debateram sobre desenvolvimento sustentável, fome zero, agricultura sustentável, parcerias e meios de implementação.
Dentre as soluções propostas, o UNICEF destacou que o investimento em crianças que ainda estão na primeira infância é um dos caminhos estratégicos para erradicar a fome no mundo.
De acordo com o estudo “Alimentação na primeira Infância”, publicado pelo UNICEF em 2021, 80% das crianças consumiram ultraprocessados no dia anterior à pesquisa; e 72% delas já deixaram de fazer alguma refeição.
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