Os processos seletivos costumam gerar grande apreensão nos estudantes, sobretudo, com relação às dinâmicas de grupo e às entrevistas individuais com o recrutador. Entretanto, o motivo de 83,5% das reprovações é outro: o conhecimento insuficiente da Língua Portuguesa.
Erros de português, dificuldade de interpretação, comunicação oral e escrita deficitárias são os responsáveis pelo mau desempenho dos jovens nos processos seletivos para estágio.
A falta de domínio da língua pátria é um problema educacional estrutural, que atinge a população desde os primeiros anos do ensino básico, acompanhando este estudante até sua formação. A consequência do não desenvolvimento de bases sólidas de conhecimento da língua materna reflete negativamente na vida profissional e nas possibilidades de empregabilidade.
Erros de português também são muito frequentes em currículos, desclassificando o candidato na fase da triagem, sem sequer ser chamado para o processo seletivo.
No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019, a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais foi estimada em 6,6% (11 milhões de analfabetos).
No que se refere ao analfabetismo funcional — incapacidade do alfabetizado em ler, compreender e interpretar textos, e fazer operações matemáticas —, os dados são ainda mais preocupantes. Estima-se que cerca de 29% da população brasileira seja analfabeta funcional, dificultando severamente a empregabilidade, a qualificação profissional e a obtenção de meios de subsistência.
Para mudar este cenário, é fundamental que transformações urgentes sejam implementadas no ensino de base, a fim de proporcionar uma educação de qualidade para todos e que forme cidadãos e profissionais capacitados e prontos para os desafios do mundo do trabalho.