Após anos de pandemia e sucessivos cortes de verbas, a educação brasileira vive um momento de reconstrução, pautado por desafios, como maior desigualdade entre alunos, evasão escolar, déficit na formação docente e aumento da violência nas escolas.
Segundo gestores públicos e pesquisadores da área, a recomposição da educação no Brasil passa pelo fortalecimento de uma cultura democrática nas escolas, pelo combate às desigualdades desde a alfabetização e pelo investimento em professores.
Com um déficit de aprendizagem que pode chegar a uma década no país, um dos primeiros sintomas do pós-pandemia é a evasão escolar, que aumentou em 171% segundo estudo do Todos pela Educação. Como resultado, em setembro de 2022, 2 milhões de crianças e adolescentes estavam fora da escola.
Redução das desigualdades sociais e entre turmas: do perfil socioeconômico e racial até os diferentes processos de aprendizagem na alfabetização, os anos de pandemia intensificaram desigualdades que já eram presentes na escola, como as que afetam os estudantes de menor renda e de pele preta.
Outra dimensão das desigualdades aparece no processo de alfabetização, que agora conta com mais crianças entre o 6º e 9º ano ainda não plenamente alfabetizadas.
Com estudantes em diferentes estágios de alfabetização, aparecem os desafios na formação de professores. Neste pós-pandemia, docentes dos anos finais do ensino fundamental precisam, muitas vezes, desempenhar a função de pedagogos, auxiliando na alfabetização de alunos que, na verdade, já deveriam ter concluído o processo.
Uma cultura escolar mais democrática
Além da alfabetização, os educadores devem se preparar melhor para lidar com outro desafio: o aumento da violência nas escolas. Após o país registrar cinco ataques com mortes em escolas entre 2022 e 2023, é preciso ampliar o diálogo entre professores e alunos, e envolver docentes em novas estratégias de estímulo a uma cultura mais democrática.
Para se criar essa escola mais democrática e menos violenta, medidas eficientes não devem visar, simplesmente, ao aumento da sensação de segurança. Ampliar as vagas de tempo integral é fundamental para a melhoria do ensino público.
FONTE: ESTADÃO