Os acidentes de trânsito são uma das principais causas de mortes no mundo, especialmente entre jovens. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que as lesões ocasionadas por causas externas resultam em mais de cinco milhões de mortes anuais em todo o mundo, tais dados representam cerca de 24% dos casos registrados.
Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), as lesões ocorridas no trânsito são a principal causa de morte entre crianças e jovens de 5 a 29 anos. Os casos ocorrem, em sua maioria (90%), em países de baixa renda, conforme dados da entidade governamental.
Conforme a OMS, o trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano. Em 2022, dados do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito indicam que no Brasil foram registradas mais de 10 mil mortes. Ademais, no referido ano, segundo levantamento do Detran-RJ divulgado pelo Jornal O Globo, realizado entre os meses de janeiro a setembro, tiveram 4.888 acidentes, no estado do Rio de Janeiro, no qual as vítimas estavam localizadas na faixa-etária de 18 a 39 anos, perfazendo 30,3% do total.
Os acidentes de trânsito produzem severos impactos na saúde pública, como os gastos relacionados ao tratamento das vítimas de acidente, a redução da expectativa de vida dos adolescentes e jovens, assim como as despesas impostas ao sistema de saúde e previdenciário. Conforme a estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), são registradas 45 mil mortes e R$ 50 bilhões de prejuízo econômico.
Diante do referido contexto, julga-se necessário a construção de ações que visam promover ações preventivas de conscientização sobre educação e segurança no trânsito, sobretudo para a juventude. Tal fase da vida é marcada por profundas transformações que envolvem aspectos biológicos, psicológicos e sociais, sendo considerado um momento único, complexo e formativo.
No período da adolescência, marcado por um longo processo de transição da infância à identidade adulta, são observadas mudanças físicas, emocionais e sociais, que influenciam o comportamento e interferem na forma como os indivíduos se relacionam e percebem o mundo. Os fatores determinantes na saúde mental de adolescentes e jovens são variados. Assim, quanto maior for o nível de exposição a situações de risco, elevadas serão as chances de danos ao desenvolvimento psicossocial. Para informações, clique aqui.
Segundo o artigo científico “Comportamento de Risco no Trânsito: Revisando a Literatura sobre as Variáveis Preditoras da Condução Perigosa na População Juvenil”, os determinantes do número de acidentes de trânsito no público supracitado, aponta a necessidade de considerar as influências dos fatores ambientais e os aspectos relacionados ao contexto macrossitêmico, como valores e crenças relacionadas à condução de veículos adquiridas e reproduzidas no meio social.
Além disso, interferem nesse fenômeno a influência dos pares e a presença de características comportamentais, que fazem parte da construção de identidade dos jovens, como oposição e rebeldia e afirmação social interferem. Julga-se necessário ressaltar que um veículo para a juventude no meio social tem um potencial de representar um instrumento de poder/força, realização de desejos, assim como acesso fácil a compensação de inseguranças, incertezas e autoestima.
Por essa ótica, ao analisar o crescimento do número de mortes de jovens em acidentes de trânsitos devem ser considerados os múltiplos acontecimentos que constituem o fenômeno. Por fim, julga-se necessário na sociedade a elaboração de ações preventivas para educação no trânsito, associadas a promoção do bem-estar e saúde emocional do jovem, de modo a contribuir com a redução dos casos.